E n v o l t u r a S

01 janeiro 2007



AO MARIO


Não sei por que ao longo do dia sento-me esquecida do tempo e passo a compartilhar com o mundo meus segredos.

Talvez seja um pouco culpa sua que ensinou-me a dormir em seu coração. E ficou insistindo em minha evolução, meu aprimoramento. Foi você o culpado, não resta a menor dúvida que foi.

Recordo-me de meu primeiro poema. É lindo. Não apenas pelo que diz, mas por ter sido o primeiro...e dos primeiros a gente nunca esquece.

Há quanto tempo devia estar pronto em mim esperando por liberdade, pelejando por abandonar o próprio ninho? Por ele ou por mim, ficaria para sempre guardado.

Mas você, resoluto, instigou-me a oficialmente expressá-lo. Mal sabia eu, na verdade, por quais vias. Novamente você as indicou-me.

Depois dele, muitos outros vieram. Lembra do que fiz para você? É meu único acróstico duplo. Está publicado em livro, eternizado. Muito mais você merecia, eu sei, mas queria saber escrever algo que fizesse vibrar os clarins, rufar os tambores.

Algo que ostentasse com minhas palavras todo teu esplendor. Que reunisse em singelas linhas um pouco de tua essência, mas não sei como dizê-lo.

Você sim, sempre mereceu o trono. Dia desses, recordei aquela vez que encontrei-te em meus sonhos e com olhar penetrante e a calidez de seu sorriso, disse-me incisivamente para que a literatura eu tratassse de estudar com afinco.


E quando declamavas teus poemas verdadeiramente grandiosos? Lembras-te?

Em quietude, eu, atenta, ouvindo-te, agradecia mil vezes por aquela benção.

Obediente, fui buscar ensinamentos e durante esta empatia entre eu e as letras, houve a curiosidade, o insight, a luta.

Houve a reflexão de meu entendimento expressa em meu transcendente silêncio. Estou certa que enquanto rezava para assegurar todas aquelas inspirações, você sorrindo me espiava para conferir se eu havia aprendido as lições.

Esta nossa comunicação é assunto sério, delicado, e entendo que quando me ponho a escrever decifro mensagens que são fatias de nossos segredos guardados.

Provavelmente estes anos todos que estivemos a viajar no tempo, serviram para que eu fosse me tornando defensora dos sonhadores, dos que sabem que POESIA é vital. Defensora dos que incondicionalmente lutam e amam.

Ser companheiro é ter alguém, não é verdade? É voluntáriamente amar ignorando nossas enfermidades.

Sei que você me entende. Abuso por pedir-te tanto...resguardo-me em outras vezes, mas posso fazer-te um apelo?

- Deixa a luz acesa?

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