27 fevereiro 2007
25 fevereiro 2007
SEGUES
Seus olhos estão a me seguir, vês?
fazem o caminho que traço
seguem-me
mudam de linha
como agora
e vão consumindo lentamente
o que estou escrevendo, vês?
lentamente me seguem
pois veja, aqui estás
lendo-me
segues catando
uma a uma
as letras que estou no papel
a colocar
seus olhos seguem-me,
passeiam sobre as letras
e vão contando-as
como em um ábaco
Seus olhos estão a me seguir, vês?
fazem o caminho que traço
seguem-me
mudam de linha
como agora
e vão consumindo lentamente
o que estou escrevendo, vês?
lentamente me seguem
pois veja, aqui estás
lendo-me
segues catando
uma a uma
as letras que estou no papel
a colocar
seus olhos seguem-me,
passeiam sobre as letras
e vão contando-as
como em um ábaco
vais colocando-as à esquerda
uma após outra
para juntas
num mesmo andar
formarem o texto
que você segue
devorando devagar,
seus olhos inda estão aí
mas ao chegarem ao final
no precipício do ponto
mergulham no abismo e caem...
somente nesta hora
seus olhos
não me seguem mais
22 fevereiro 2007
FRAGMENTOS
Restos de tardes
fim de canções
pedaços de vidas
caminhos, paixões
decisões indecisas
tempos brancos claros do tempo
respostas mudas
de falas caladas
retalhos de vento
meias verdades
medidas exatas
de coisas partidas
partículas, células,
moléculas,
átomos,
eu
21 fevereiro 2007

Não lembro o dia,
nem tampouco lembro o ano,
já faz muito que eu vi
os olhos mais tristes do mundo
ao cruzarem com os meus,
suplicaram desejar
que um poeta descrevesse
a tristura desse olhar
na linguagem escrita
sem distorcer sua expressão
expressei sem exageros
seu triste pedido então
sem distorcer sua expressão
expressei sem exageros
seu triste pedido então
era um pedido simples
pessoal e apaixonado
o guri dos olhos negros,
queria por mim ser amado
para falar ao guri,
triste e amargurado,
poetizei mais de mil linhas
de nossos segredos guardados
falei-lhe um pouco de mim,
de meu solitário mundo,
de meus sonhos, de meus medos,
meus desejos mais profundos
disse-lhe que seus olhos negros,
quando depositados em mim
estremeciam minha alma
deixando-me frágil assim
foi o início de nossas obras,
nossos salmos,
nossos cânticos...
um passeio pelo espírito,
em versos latinos,
líricos, brancos...
pessoal e apaixonado
o guri dos olhos negros,
queria por mim ser amado
para falar ao guri,
triste e amargurado,
poetizei mais de mil linhas
de nossos segredos guardados
falei-lhe um pouco de mim,
de meu solitário mundo,
de meus sonhos, de meus medos,
meus desejos mais profundos
disse-lhe que seus olhos negros,
quando depositados em mim
estremeciam minha alma
deixando-me frágil assim
foi o início de nossas obras,
nossos salmos,
nossos cânticos...
um passeio pelo espírito,
em versos latinos,
líricos, brancos...
19 fevereiro 2007
O LIVRO E A CULTURA
Muito obrigada. Eu precisava deste encontro. Parece provocação. Mas chegaste. És consolo. Prepara-te e oferece a este brasileiro angustiado, um pouco de tua parte. Temia que não viesses mais. Nós precisávamos deste reencontro. Contigo me descubro. És a matutina esperança que vejo a minha frente. Me sorriste, sem medo. Chegaste. E neste viver conturbado, não mudaste. Continuas fiel com teu público. Com eles podes ir pelo mundo afora. És grande, és mesmo o tudo e o todo. Liberta-nos da nossa liberdade vigiada e nos leva em teus sonhos por caminhos que nos ofereces. Como fonte de prazer, com rigorosa forma organizada, torna em agrado o folhear, o te ler, te decifrar. E complacente, conivente, és tão simples e tão essencial. Temos um pacto impresso. Um contrato. Eu sei que há gente que prá ti olha. Gente que pára, se extasia. Pra tirar de letra teus segredos. O que ganhas em nos deixar te revelar? Sei, vais dizer que faz parte. Que és prova pública do saber. Modesto. Verdadeiramente modesto. Haverá quem de ti não goste? Cultivas o culto silêncio necessário ao mais humano dos mortais. De repente, é impossível não te contemplar. Te vejo e te sinto entre o teor de tuas linhas em forma natural. Por enquanto, e sempre, deves existir. Sou estudioso da tua etimologia. Aqui és rei. Para nos ofertar tua presença não é preciso pedir-nos licença. Venha. Podes chegar. Assim, a cada hora lenta e mansamente que passa, aqui me encontrarás. És dileto. Meu predileto. E vem um novo enfoque para nos atrapalhar. Quem vai sair? Eu não vou. Vou ficar. Fico aqui parado a te desvendar. Que emoção. A coisa tem que ser assim. Temos que ficar. Aqui. Na curtição. Eu te lendo. Você a me olhar. O jogo é multiplo. É olho no olho. São fundamentos meditados. É uma avaliação de dados. E vêm a tentação mais uma vez... de não prestar atenção em mais nada... Atento, miro tua estrutura, tuas composições. Vou te sorvendo cem por cento. Sigo calado. Passo por trechos complicados. Procuro respostas. A meu lado, você, é claro. Passando a vida inteira a me ajudar. E o povo? Não vais lhe agradar? Ainda que tecnicamente. Resolve. Enfrenta o risco. É teu ofício ajudar. Não, não estou pedindo muito. Vou também. Posso tentar. Enquanto te apresentas, com todos os teus papéis, só me resta te esperar. Ninguém vai nem me notar. Só me faltam alguns trechos. É fascinante te olhar. Aqui e ali, me deixas lembranças. E faço festa do próprio contestar. Além das letras, pontos de vista, e esperanças de infinita duração, posso revelar meu pensar. E presente nos rumos desta aventura, é preciso considerar... Estava precisando deste encontro!
18 fevereiro 2007
16 fevereiro 2007
15 fevereiro 2007
14 fevereiro 2007
ESTAVA NA MINHA HORA, MAS CÁ ESTOU
Faz 18 anos. Como é rápido o tempo. As lembranças, todavia, morosas em seu apagar. No rádio do carro, Rita Lee...Erva Venenosa. Sempre gostei da Rita Lee, acho-a corajosa. No vidro a chuva fininha. Aquela que molha até e qualquer pensamento. Terça-feira, 8 de dezembro de 1987. Quase uma e meia. Estou em cima da hora. O brilho dos paralelepípedos é uma coisa linda de ver. Parecem de acrílico. Enfim, tudo normal, rotineiro. Sempre gostei do meu trabalho na TVE. Nos dávamos bem, eu e ele. O que havia para ser feito era sempre uma novidade, um desafio. Eu, fazia minha parte. Ele, meu trabalho, ficava satisfeito. Lá na TVE, eu era pequena entre alguns grandes colegas. Hoje, imensos em brilho e realizações. Sabe como são esses “Arteiros”. Eles têm o diabo no corpo. Têm luz própria. Inúmeros talentos. Aprendi muito com cada um deles. Agora, os aplaudo como forma de agradecimento. Seguido tenho visitas das lembranças daquele tempo. Da loucura que era executar em tempo hábil cada acontecimento. Era story-board pra cá, maquetes, chamadas, vinhetas pra lá...Nossa. E os cenários então?! Se confeccionava, montava, testava, remontava, alterava...Eram horas e horas e horas para se produzir o que a edição de imagens quase matava. – Não, isso não ficou bom. Vamos usar aquele outro. – Esta cor não favorece. Usaremos aquela. Chama o “pessoal da Arte”:– Pessoal, mudanças. Temos que refazer pra ontem.Era legal trabalhar para o dia anterior. Já sabíamos que tudo daria certo. E a gente criava, desenhava, cortava, colava...e íamos nos perdendo em meio a tanta Arte, letra-set, tintas, nanquim e muita cola de benzina...e acabávamos tão envolvidos que fazíamos de tudo um pouco. Genial aquela equipe. Eu e os seis guris. Todos “criantes”. Entre outras coisas, aprendi a pensar como eles. Quem trabalha com Arte têm que ser assim, meio “megafunções”. Depois de tudo aprovado, testado e realizado, podíamos babar com o resultado no ar. Bingo!!!. Puxa, uma super recompensa. Sorríamos de puro orgulho e também por merecimento. Por dentro, cumprimentávamos nossos talentos. E a Ritinha cantando, ...venenosa eh, eh, eh, eh...erva venenosa...é pior do que cobra cascavel...Fim do ano chegando. Pensamentos voltados para a programação de Natal. Ciclos findando...prestação de contas, retrospectivas, planos. Dezembro, Rita Lee, a chuvinha, a freiada...o estrondo...Em meus silêncios ainda ouço aquela algravia. Não perdi os sentidos, nem poderia, estava a trabalho. Quase consegui chegar. Seis horas de cirurgia. O choque, a dor, o medo. O cheiro enjoativo de sangue...Até hoje procuro aquele casal de anjos que por ali passava.
11 fevereiro 2007
09 fevereiro 2007
SINCOPADA
Notas que minhas notas
sem compasso
descompassadas
soltas
sem exatidão nos passos
andam a intercalar outras notas
sincronicamente
por meio de algumas letras tortas
notas?
Notas que minhas notas
sem compasso
descompassadas
soltas
sem exatidão nos passos
andam a intercalar outras notas
sincronicamente
por meio de algumas letras tortas
notas?
08 fevereiro 2007
04 fevereiro 2007
D E C I F R A - M E !
11/b 4/b58/b51/b
4/a5 7/a9/a555/a386/a
2/b15/a2/b6/a 45 4/b6/a36
8/a3/b5 13126/a 7/a6/a9/a 451/b91/b2/b99/a 45 4/a94/a ...