E n v o l t u r a S

31 janeiro 2007

NOSSOS "EUS"
de todos
os teus "eus"
quais os não
atrelados
aos meus?

30 janeiro 2007

FOME
...então eu o olhei com um imenso olhar de fome, aquela mesma fome que passeia vez em quando em nós. Fome de olhar e ouvir. De saciar vontades. Fome de entendimento a sós. A vida torna-se trabalhosa quando aos lotes um turbilhão de sentimentos influencia-nos. Minha felicidade é que a luz da arte reside em mim, não fosse assim, não contaria de meu tipo. Tenho sorte. Na verdade esta tristeza que possuo é que torna mais humano meu olhar. Houveram fases em que estive às escuras, inapetente...mas quando lembro que sou celícola e que percorro o caminho da fome, de saciar a fome, de aprender buscando amenizar a fome, é que descubro que cada pedaço que como se encaixa em algum lugar meu e que alimentada, satisfeita, floresço!

O QUE É ?
O que é o abrimento
que antecede o enlace?
o circundamento de uma saudade...
a energia que cinge
o rodear de nosso coração?
O que é o envolvimento em roda
que depois de aberto nos contorna?
...é quente, macio, envolvente,
é como um merecimento pra gente.
Pode ser apertado, demorado
nos deixar no ar,
nos tirar do chão,
é a resposta de um desejo
vontade de estender a alma
é a mais perfeita soma de uma divisão.
Pode vir acompanhada de um beijo
depende só da ocasião,
já sabes do que estou falando?
refiro-me ao prazer de se sentir amado
deste carinhoso gesto de proteção.
a resposta?
...é o abraço...
um
doce
amplexo
do
coração!

O livro é o nosso maior amigo
e a consciência o melhor livro que podemos ter...

ambos são
os que frequentemente
devemos consultar...

25 janeiro 2007

AMARRAÇÃO

Nesta estrada
onde cravo no colo
os cotovelos
e trago nas mãos
pensamentos presos
como medida de prevenção
amarro aos meus dedos
alguns pensares
para que estes
sorrateiramente
não me fujam em vão

18 janeiro 2007

PRAGAS
O desamor
a impaciência
a dor
as pragas
a indiferença
os animais
bandidos
os bichos gente
as almas
as armas
o choro
as pragas
os pobres carentes
do mundo
sementes
do mundo doente
as pragas das gentes

17 janeiro 2007

"Segundo Gottfried Benn, apenas 6 ou 8 poesias são perfeitas no total da obra poética de um autor. O resto, é interessante apenas sob o ponto de vista biográfico. O que me leva a crer que tenho escrito muita coisa interessante ultimamente"

15 janeiro 2007


...se a bailarina Marilena Ansaldi ficou doze anos afastada dos palcos por "esgotamento da vida", posso escrever amanhã e dormir hoje,
sem nenhum peso na consciência...

11 janeiro 2007

VAPOR
Fascína-me a
intranquilidade do vento
cantando rumor
a umidade das sombras,
o breu
juntos
rumo e ritmo encontrados,
invisível, eu
a breves passos da esquina
imagino ver
cor na ponta dos pés do tempo!

03 janeiro 2007

?
Às vezes penso
que é você
o segredo que desvendo
em meus sonhos
ou será
que dos meus segredos
o sonho
será sempre você?

01 janeiro 2007





AO MARIO


Não sei por que ao longo do dia sento-me esquecida do tempo e passo a compartilhar com o mundo meus segredos.

Talvez seja um pouco culpa sua que ensinou-me a dormir em seu coração. E ficou insistindo em minha evolução, meu aprimoramento. Foi você o culpado, não resta a menor dúvida que foi.

Recordo-me de meu primeiro poema. É lindo. Não apenas pelo que diz, mas por ter sido o primeiro...e dos primeiros a gente nunca esquece.

Há quanto tempo devia estar pronto em mim esperando por liberdade, pelejando por abandonar o próprio ninho? Por ele ou por mim, ficaria para sempre guardado.

Mas você, resoluto, instigou-me a oficialmente expressá-lo. Mal sabia eu, na verdade, por quais vias. Novamente você as indicou-me.

Depois dele, muitos outros vieram. Lembra do que fiz para você? É meu único acróstico duplo. Está publicado em livro, eternizado. Muito mais você merecia, eu sei, mas queria saber escrever algo que fizesse vibrar os clarins, rufar os tambores.

Algo que ostentasse com minhas palavras todo teu esplendor. Que reunisse em singelas linhas um pouco de tua essência, mas não sei como dizê-lo.

Você sim, sempre mereceu o trono. Dia desses, recordei aquela vez que encontrei-te em meus sonhos e com olhar penetrante e a calidez de seu sorriso, disse-me incisivamente para que a literatura eu tratassse de estudar com afinco.


E quando declamavas teus poemas verdadeiramente grandiosos? Lembras-te?

Em quietude, eu, atenta, ouvindo-te, agradecia mil vezes por aquela benção.

Obediente, fui buscar ensinamentos e durante esta empatia entre eu e as letras, houve a curiosidade, o insight, a luta.

Houve a reflexão de meu entendimento expressa em meu transcendente silêncio. Estou certa que enquanto rezava para assegurar todas aquelas inspirações, você sorrindo me espiava para conferir se eu havia aprendido as lições.

Esta nossa comunicação é assunto sério, delicado, e entendo que quando me ponho a escrever decifro mensagens que são fatias de nossos segredos guardados.

Provavelmente estes anos todos que estivemos a viajar no tempo, serviram para que eu fosse me tornando defensora dos sonhadores, dos que sabem que POESIA é vital. Defensora dos que incondicionalmente lutam e amam.

Ser companheiro é ter alguém, não é verdade? É voluntáriamente amar ignorando nossas enfermidades.

Sei que você me entende. Abuso por pedir-te tanto...resguardo-me em outras vezes, mas posso fazer-te um apelo?

- Deixa a luz acesa?


Séc XV
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in cu ná bu lo
o l u b á n u c n i